Apressa-te a vir antes do inverno. 2 Timóteo 4:21

Aparentemente, num misto de tristeza e segurança, o apóstolo Paulo aguardava encarcerado o momento em que seria executado, segundo a sentença do imperador Nero. Tristeza ao se lembrar de Demas, que o abandonara, e de Alexandre, o latoeiro, que lhe havia causado “muitos males”. Segurança, pela certeza de que não estava só. Deus estava com ele, assim como Lucas, a quem se referiu como “o médico amado” (Cl 4:14). Também desejou muito a presença de Timóteo, a quem chamava de “amado filho” (2Tm 1:2), e também de Marcos (2Tm 4:11).

A amizade entre Paulo e Timóteo era especial e tinha iniciado por ocasião da conversão de Timóteo. “O vínculo tinha-se fortalecido à medida em que eles partilhavam juntos as esperanças, perigos e labutas da vida missionária […]. A diferença de idade e de caráter fez seu interesse e amor mútuo mais sincero e sagrado. O ardoroso, zeloso e indomável espírito de Paulo encontrava repouso e conforto no meigo, submisso e retraído caráter de Timóteo” (Ellen White, Paulo, Apóstolo da Fé e da Coragem, p. 329).

Agora, sabedor de que não viveria muito (2Tm 4:6), pediu ao jovem amigo que fosse vê-lo “depressa” (v. 9). Antes dele, Jesus Cristo expressou o mesmo sentimento ao cercar-Se dos discípulos na escuridão do Getsêmani (Mt 26:38). Era importante que Timóteo não se demorasse. Assim, no fim da carta, o pedido foi repetido com o lembrete de que fosse “antes do inverno” (v. 21), levando a capa, os livros e pergaminhos. Era preciso manter o hábito da leitura, assim como precisava se proteger do frio que se aproximava.

No inverno, a navegação pelo Mediterrâneo ficava mais difícil, por isso Timóteo não perdeu tempo. Passou em Trôade, pegou a capa na casa de Carpo, livros e pergaminhos, dirigindo-se a Roma, onde encontrou o apóstolo. Que triste seria, caso se atrasasse e não mais pudesse ver seu discipulador!

A vida está cheia de “invernos”, aqueles tempos em que não é mais possível recuperar oportunidades ignoradas nos verões, outonos e primaveras – tempos iluminados, frutíferos e floridos. Portanto, não adie decisões vitais que precisa fazer. Não deixe para depois o bem que planeja fazer, uma palavra de afeto a ser dita, um sorriso ou ajuda material. Precisa de perdão? Peça-o hoje. Precisa perdoar? Perdoe hoje. Há um mau hábito que deve abandonar? Abandone-o hoje. Aproveite, antes que o inverno chegue e seja tarde demais.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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