Mas, pela graça de Deus, sou o que sou. 1 Coríntios 15:10

O bispo anglicano Festo Kivengere escreveu: “Isto pode ser um choque para o leitor, mas não importa quem seja você, na cruz não poderá conservar sua posição. Ali o terreno é nivelado” (Amor Ilimitado, p. 105). Sim, o envolvimento na pregação da mensagem da cruz não dá margem a sentimentos de superioridade. O teólogo suíço Karl Barth viveu e trabalhou consciente desse fato.

Em 1966, na semana em que completou 80 anos, ele ficou no mínimo espantado pelas referências que lhe foram feitas em grandes jornais de todo o mundo. Chegou a ser mencionado como o maior teólogo do século 20. No dia do aniversário, durante uma cerimônia realizada em sua homenagem, Barth mal conseguia esconder o incômodo diante das muitas homenagens que recebeu.

Ao terminar seu discurso de agradecimento, declarou: “A Bíblia menciona um jumentinho de verdade; um ao qual foi permitido carregar Jesus para Jerusalém. Se eu tiver feito alguma coisa nesta vida, fiz isso como parente daquele jumento que trilhou seu caminho levando uma importante carga. […]. Parece-me que Deus Se agradou de me usar neste tempo, apesar de mim mesmo, apesar de todas as coisas desagradáveis que possam ser ditas corretamente a meu respeito. Assim fui usado. […] Foi-me permitido ser o jumento da preciosa carga” (Ministério, mai/jun, 2014, p. 16).

Esse reconhecimento da própria pequenez não é expressão de baixa autoestima. Ao contrário disso, é um passo rumo à exaltação (Mt 23:12). Antes que fiquemos extasiados com a nossa “grande” importância, é bom nos lembrarmos de onde e como fomos encontrados por Cristo, sem que nada merecêssemos. É Nele, unicamente, que reside nossa dignidade.

Paulo não tinha dúvidas quanto a isso e não escondia ter sido agraciado com muitos privilégios espirituais, intelectuais e vocacionais. Entretanto, conhecia a origem de tudo: “Pela graça de Deus”. Nada provinha dele mesmo. O chamado apostólico, os esforços missionários, os conversos e as igrejas estabelecidas, sua firme experiência espiritual e a esperança do Céu, nada foi atribuído a seus méritos. O Senhor tem maravilhas além de nossa imaginação a operar em nós e por nós. Quando as vivenciarmos e as celebrarmos, não ignoremos a quem pertence a glória: a nosso maravilhoso Deus.

Zinaldo A. Santos, MM 2020, CPB

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