Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. – II Corintios 4:7

Muitas pessoas, ao refletir sobre a originalidade de escritos inspirados, questionam: Um profeta verdadeiro pode fazer uso de fontes não inspiradas? Se o fizer, esses trechos permaneceriam como ilhas não inspiradas dentro dos escritos inspirados? E mais: Se o profeta não citar a referência bibliográfica da fonte original de informação, seria culpado de plágio?

Ao longo dos ‘seculos, era comum a prática de usar ideias alheias sem prover a referência bibliográfica da fonte original. Um exemplo clássico é William Shakespeare, que, de acordo com Ralph W.Emerson, “devia créditos em todas as direções e tinha a habilidade de usar tudo aquilo que encontrava”. Nos tempos modernos, porém, novas leis regionais e nacionais se tornaram mais rígidas em relação aos direitos autorais. Nos Estados Unidos, a Lei de direitos autorais de 4/3/1909 (em vigor a partir de 1/7/1909) foi a primeira lei federal a garantir eficazmente os direitos literários, artísticos, dramáticos e musicais. Por isso,  é muito injusto julgar autores clássicos (inclusive profetas) com base em nossas leis e práticas modernas de direitos autorais.

O estudo detalhado da Bíblia pode revelar vários casos em que seus autores recorreram a fontes não inspiradas. Por exemplo, Paulo citou Epimênides de Creta (Atos 17:28; Tito 1:12), Arato da Cilícia (Atos 17:28) e Menandro ( I Corintios 15:33). Judas citou o pseudoepígrafo de I Enoque (Judas 14-15). O livro de jó contém diversos discursos não realistas que acusam Jó de fazer o mal. A Bíblia cita até mesmo algumas mentiras de Satanás (Gênesis 3:1-5; Mateus 4:3-11). Logo, a inspiração profética não subentende originalidade absoluta. No entanto, o auxílio do Espírito Santo garante a confiabilidade da comunicação e imparcialidade dos fatos relatados nas Escrituras.

Precisamos adquirir pelo menos o conhecimento básico de como a inspiração funciona, a fim de evitar distorções e conceitos equivocados. Nosso foco, porém, não deve se fixar no recipiente imperfeito que transmite a mensagem, mas no conteúdo da mensagem infalível. “O tesouro foi confiado a vasos de barro; todavia, não é por isso menos do Céu. O testemunho é transmitido mediante a imperfeita expressão da linguagem humana, e não obstante é o testemunho de Deus” (Mensagens Escolhidas, vol.1, p.26). A Bíblia não apenas contém a mensagem divina; ela é a Palavra de Deus!                                            Alberto Timm, Um dia inesquecível, MM 2018

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