Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Gênesis 2:24

Gosto de pensar no relacionamento conjugal à luz da dinâmica musical. As notas musicais, quando isolada, têm seu valor e utilidade, porém revelam beleza mais intensa e despertam mais fortes emoções quando são reunidas e emitem harmoniosos acordes que arrebatam nossos sentidos e acalentam o coração. Um texto bíblico sempre me leva a esse pensamento: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne!”

A primeira parte do verso chama atenção para o fato de que, ao se unirem em casamento, homem e mulher devem criar um círculo protetor contra interferências, priorizando a afeição mútua acima de qualquer outra. Em segundo lugar, expressa a profunda harmonia do matrimônio. Vale lembrar que o texto usa a palavra hebraica “echad” (unidade composta) para identificar a unidade formadora do casal, em contraste com “yachid”, unidade absoluta. Assim, duas pessoas distintas se tornam um todo harmonioso espiritual, sentimental, emocional e físico, à semelhança da música, onde duas ou mais pessoas reunidas com diferentes naipes de vozes formam um conjunto harmônico.

Na busca da harmonia musical, seria absurdo achar que um tom é mais importante do que outro ou tivesse que mudar suas características para poder se adaptar aos demais. Não se exige que vozes agudas, médias e graves mudem de tonalidade. O casamento é assim. Não deve haver exigências nem manipulações para mudanças conforme o molde pessoal de alguém. Cada cônjuge deve ser aceito e respeitado pelo que é. São justamente as diferenças sabiamente mescladas que produzem harmonia.

Não se consegue harmonia musical num estalar de dedos. S!ao necessários treinamentos e ensaios, nos quais insiste-se em um acorde, repte-se, recomeça-se tantas vezes quantas forem necessárias até o ponto almejado. O fato de se unirem duas pessoas não significa harmonia garantida. Há necessidade de investimento diário em forma de renúncia aos caprichos, paciência e recomeços.

No primeiro quarteto em que cantei, não tínhamos um especialista para nos orientar. Uma antigo LP era colocado na vitrola, e cada um captava sua tonalidade, o que às vezes não era tão fácil. Certo dia, nosso pastor, Plácido da Rocha Pita, nos apresentou à pianista de uma igreja evangélica da cidade e tudo ficou mais fácil. No casamento, a orientação do Maestro supremo faz toda diferença.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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