Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino; e sobre eles, três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não sofresse dano. Daniel 6:1, 2

A julgar pelas notícias divulgadas diariamente, as dificuldades enfrentadas pelos governantes do mundo não são apenas causadas pelos opositores, mas explodem nos desvios éticos de seus aliados ou membros da própria equipe. Não é o caso nos aprofundarmos nessas questões aqui, mas é óbvio que governantes inteligentes devem escolher auxiliares que estejam acima de acusações. Dario pelo menos tentou, em Babilônia. Prevenindo-se contra a corrupção, nomeou um grupo de auxiliares confiáveis, entre os quais Daniel, constituindo assim um escalão superior. Eram os presidentes, responsáveis pelas ações dos 120 sátrapas, supervisores regionais com os quais o rei dividia autoridade.

Essa era uma posição de muita responsabilidade. Com quase 80 anos, Daniel não era apenas um ancião respeitado por seu passado. Era superior a todos: “Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino” (v. 3).

Para Deus, o que conta é o caráter. Devido à integridade de Daniel, o Senhor achou por bem tocar o coração do rei, e assim agraciar Seu servo com uma promoção. É interessante notar a referência ao fato de Daniel ser dotado de “um espírito excelente”.

Certamente, ele era movido pelo Espírito Santo, mas a observação aqui é sobre sua atitude para com os que o cercavam. Dotado de “espírito excelente”, era um homem de fácil convivência. Grosseria, autoritarismo, deslealdade, nariz empinado e peito estufado não o descreviam. Tinha caráter nobre.

É significativo que ele não tenha revelado o mínimo sinal de má vontade para com os outros dois homens, também designados presidentes. Poderia ser tentado a vê-los como concorrentes e tramado a queda de ambos, limpando a estrada de sua ascensão profissional. Aconteceu o contrário: “Então os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa” (v. 4).

Foi acusado falsamente, em uma trama bajuladora que levou Dario a emitir o decreto que lançou Daniel na cova dos leões. Em nenhum momento ele se abalou. E Deus o recompensou por sua fidelidade. Como Ele sempre faz.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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