Vendo isto, os discípulos Tiago e João perguntaram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir? Lucas 9:54
Poucos meses antes de ser morto, Jesus estava com Seus discípulos atravessando o território montanhoso de Samaria. Por ser quase noite, tentaram dormir na cidade, mas foram rejeitados pelos habitantes do local. A reação dos moradores foi motivada pelo forte clima de tensão entre judeus e samaritanos.
Aquele era um conflito antigo. Os judeus diziam que os samaritanos haviam se misturado com outros povos e perderam sua linhagem como fiéis. Era um insulto para um judeu ser chamado de “samaritano” (Jo 8:48; 4:9).
A partir desse contexto, fica mais fácil entender a reação dos discípulos quando souberam que seu pedido de hospitalidade havia sido negado. Naquele momento entraram em cena os “filhos do trovão”: “Quer que mandemos descer fogo do céu para matá-los?”
O mais impressionante é o contraste entre a atitude dos discípulos e a visão de Jesus. Talvez eles pensassem que, com uma demonstração de poder tão impressionante, a mensagem do evangelho poderia criar um impacto e ser espalhada rapidamente. Os dois apóstolos estavam dispostos a sacrificar a vida dos moradores da vila para defender ou fazer avançar o evangelho. Mas Jesus os repreendeu.
Mais tarde, os apóstolos ouviram que Samaria tinha aceitado o evangelho (At 8:14), e quem foi enviado para ajudá-los? Pedro e João. Lá estava João outra vez entre os samaritanos. Sozinho ali, ele entendeu que o propósito de Deus não era destruir, mas salvar aquele povo. Jesus decidiu não enviar uma chuva de fogo sobre eles, mas a chuva do Espírito Santo. O que deve ter passado pela mente de João quando viu o mesmo povo, que ele estivera pronto a destruir, alegrando-se na salvação? Como ele deve ter ficado agradecido a Jesus por não ter permitido que levasse adiante seus planos!
Que tremendo contraste entre a visão do homem e a de Deus. A atitude humana teria levado à destruição de uma vila inteira. Contudo, o plano de Deus era dar salvação a todos eles. As pessoas sempre serão muito mais beneficiadas pelo que Deus quer dar do que pelo que nós queremos fazer.
Erton Köhler, Nossa Esperança, MM 2019, CPB